O secretário-geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, alertou nesta quarta-feira (15) que países como Brasil, China e Índia podem enfrentar sanções secundárias caso continuem mantendo relações comerciais com a Rússia.
A OTAN, uma aliança militar composta por 31 países da América do Norte e da Europa, visa garantir a segurança coletiva de seus membros. Isso significa que, mesmo sem envolvimento direto no conflito, países ou empresas que “apoiem economicamente” a Rússia podem ser penalizados.
“Se a Rússia não levar a sério as negociações de paz, dentro de 50 dias aplicaremos sanções secundárias a países como Índia, China e Brasil. O que eu diria a esses países é que talvez seja hora de reconsiderar, pois isso pode impactá-los profundamente”, afirmou Rutte.
A declaração foi feita durante uma reunião no Congresso dos EUA, um dia após o presidente Donald Trump anunciar o envio de mais armas à Ucrânia e ameaçar aplicar tarifas de 100% sobre produtos russos.
Os países mencionados por Rutte fazem parte do BRICS, grupo de economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que fomenta a cooperação econômica e política. No início de julho, os líderes do bloco se reuniram no Rio de Janeiro para fortalecer o grupo diante da política tarifária agressiva do presidente dos EUA e outras medidas protecionistas adotadas pelo Ocidente. A cúpula foi presidida por Luiz Inácio Lula da Silva e contou com a presença de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e Li Qiang, primeiro-ministro da China.
Na terça-feira (8), Trump já havia lançado uma ameaça semelhante contra os países do BRICS, afirmando que o grupo seria alvo de uma tarifa de 10% em breve, acusando seus membros de tentar enfraquecer os EUA e substituir o dólar como moeda global. No ano passado, Trump também condicionou o apoio dos países do BRICS à não criação de uma nova moeda para substituir o dólar, sob pena de serem atingidos por tarifas de 100%.
Especialistas apontam que o alerta da OTAN é uma estratégia de pressão internacional para isolar economicamente a Rússia, o que pode afetar países que mantêm laços comerciais com Moscou. Na segunda-feira (14), Trump reiterou sua ameaça de aplicar tarifas de até 100% sobre produtos russos, caso o governo de Vladimir Putin não aceite um acordo de paz para a Ucrânia.
O presidente dos EUA afirmou que o comércio poderia ajudar a “resolver guerras” e expressou insatisfação com a postura de Moscou. A Casa Branca confirmou que as tarifas serão aplicadas se não houver um cessar-fogo dentro do prazo estipulado.
Além disso, durante o encontro com Rutte, Trump anunciou o envio de uma nova remessa de armamentos à Ucrânia, incluindo os sistemas antimísseis Patriot, os mais avançados do Ocidente. Os equipamentos devem chegar em breve, com apoio de países membros da OTAN.
Apesar das sanções desde o início da guerra em 2022, as trocas comerciais entre os EUA e a Rússia continuam. Em 2024, o comércio entre os dois países somou US$ 3,5 bilhões, envolvendo fertilizantes, metais e combustível nuclear.
Essas medidas intensificam a pressão internacional para isolar a Rússia economicamente, afetando também os parceiros comerciais que mantêm negócios com o país.
Fonte: G1 Notícias